Coisas da cidade...que eu detesto!



Como diz minha companheira de EE e de blog, a Marcela, sou muito mal - humorado, não nego!

Vou expor alguns fatos que me deixam nesse estado: Motoboy, pontos de táxi, motoristas de táxi e de ônibus.


Como todos sabem, é o que mais tem na cidade...ops, desculpe, ônibus nem tanto. Mas os poucos que circulam por aí, lotados e caindo aos pedaços, adoram sacanear os pequenos, os carros pequenos.


Dia desses cheguei a sacar o celular, enquanto dirigia, pra fazer um filminho de um sacana de um motorista de ônibus, daqueles bi-articulados, ferrando todo o mundo na marginal. Cometia tamanhos absurdos que quase consegui um flagrante pro SPTV. Anotei o número do "carro" e fiz questão de ligar pra empresa e denuncia-lo. Seria irônico se nos coletivos houvesse aquela famosa frase, estampada na traseira do veículo: " Como estou dirigindo? Ligue para... " Não são bestas! Nem se atrevem, pois choveria ligações. Liguei mesmo sem ter a frase. Se todos fizessem o mesmo, talvez alguma coisa melhoraria. Faço a minha parte.


Tenho vontade de fazer uma palestra para todos os motoboys da cidade. Sim, todos!


Não seria bem uma palestra, mas uma bronca generalizada. Perguntaria a eles, por exemplo: Por que acham que nós, pobres motoristas de carros, não podemos mudar de faixa sem ouvir uma buzina e um xingamento? Isso se conseguir se livrar de um pontapé no retrovisor externo. Que eu saiba, quem está na frente tem preferência, portanto, o certo seria eles desacelerarem e esperarem o carro mudar de pista, pra depois continuarem suas tentativas de suicídio nos "corredores" da avenidas. Acham que têm preferência no trânsito. Por esses e outros motivos, às vezes é melhor pegar um táxi. Mas sempre que vou a um ponto procurar por um, adivinhe: vazio! (Acho que tem mais pontos de táxi, hoje, em São Paulo, do que bares. E mais: você pode ver na plaquinha: Ponto de táxi - 3 vagas - e cinquenta deles esperando pelas 3 vagas. Tomam a rua toda, e ai de você se parar entre eles. Pode ter o carro "prejudicado", como dizia um colega.) Quer um exemplo? Aqui na porta da tv...


Alguém tá ganhando muita grana liberando ponto de táxi, não é possível!


Quando desisto e volto a pegar meu carro aparece um deles na minha frente, vazio, e andando a 10 por hora. Você já viu algum táxi envolvido em acidente? É muito difícil. Também, rastejam pelas ruas. E quando você precisa ir ao aeroporto? Parece que fazem de propósito: andam a 5 por hora. Irritante! Se pedimos pra ir mais rápido, aí, sim, vão a 10 por hora.


Pra variar, e pra encerrar meu desabafo, aquela boa e velha piadinha:


O portugês que tinha medo de altura entrou no táxi e foi logo dizendo: "Avenida Paulista, por favor!" E o motorista pergunta: "Que altura?" O português aflito, responde: " Se passares de um metro eu lhe mato!"


Mais uma? Só que é de português, de novo:


O motorista de ônibus, português, pára ao ver uma senhora fazendo sinal, na av. Faria Lima. Ela sobe e pergunta: "Esse ônibus pega a Paulista?" - resposta do gajo: "Pega, sim, pega paulista, carioca, baiana...


Pra sorte de vocês, não me lembro de nenhuma de motoboy! Pena!

minha ex-terra da garoa


O céu da cidade já não é um dos mais azuis que conheço. Mas por causa da falta de chuva ele tá cada dia mais cinza, cinza mesmo.
Sabe o que dizem os arquitetos sobre o azul claro em um ambiente? Tomar cuidado!
Isso porque o azul claro pode ser um cinza sem graça fácil, fácil!
É isso que está acontecendo com a cidade de São Paulo. A chuva não vem para "limpar" o céu. Se olhar com uma visão mais romântica, até se acha o azulzinho lá em cima, mas o horizonte, este, definitivamente, está cinza sem graça.
Quando chego em casa e meus olhos começam a coçar, ficar vermelhos, já sei, o índice de umidade tá baixo. Agora, tá em 30% na cidade, sabe o que é isso? Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) é a primeira na escala considerada preocupante. Eu não preciso deste índice para saber que tô mal.
Mandinga, dança da chuva e reza brava. Qualquer coisa para tentar amenizar a situação.
Agora, dizem que vai chover...
Tomara que sim, durante o fim de semana, e só!
Lembrei que tem fórmula um na semana que vem
Ainda não descobri se é melhor trabalhar no autódromo de Interlagos debaixo de chuva ou de sol.
No sol se queima o coco mesmo com protetor, não tem sombra e água fresca, nem pensar.
Na chuva... ichii... Acabei de descobrir, é pior! Não tem parte coberta, é impossível ficar com a roupa seca!
Tá bom vai, vou assumir o meu umbigo.
Nada de chuva! Que venha o sol!
Cidade ainda mais cinza, horizonte sem graça e olhos coçando
Será que tô pedindo muito se pensar numa nuvenzinha... Ou uma chuvinha à noite?!

rodízio, e daí?

Coisa chata!
Hoje é dia do meu rodízio, não posso sair com meu carro no centro expandido das 07h às 10h e das 17h às 20h. Isso acontece desde 96 por causa da lei criada pela secretaria do meio ambiente para diminuir o número de carros nas ruas e os poluentes no ar.
Não apoio a lei e não me esforço em nada! Não sou revoltada, é que o transporte público aqui é um horror!
O primeiro sonho do cidadão paulistano é ter carro. O apartamento e o investimento ficam para depois.

Fiz uma pesquisa rápida pela internet e descobri uns dados interessantes sobre o metrô, que deveria ser o melhor meio de transporte.
Quando o rodízio começou, a cidade tinha 33,7km de metrô, agora, depois de 11 anos, tem 61,3km e é só.. A área de São Paulo é de 1.530 km quadrados. Tá fácil, né!
Fazendo uma comparação com as outras grandes cidades do mundo, a cidade do México, que também tem rodízio de carros, tem 200 km de metrô. Paris, a cidade luz, tem 213 km. Madri 317 km e Londres, com o metrô mais antigo do mundo, tem 408 quilômetros de linha.
Agora, Nova Iorque a história é outra. Deixa todas as cidades com vergonha ou inveja. São 1.056km, 468 estações e 26 linhas diferentes.

Ainda acho lá no fundo que aqui tem jeito.
Pelos programas do metrô, eles pretendem expandir mais 28,5km e 25 estações até 2012. Ainda não é muito, mas ...
A linha 4 é que é o grande embrolho! Foi onde aconteceu o desabamento que matou 7 pessoas. Mais uma tristeza para a cidade.
A 5 já tem seis estações funcionando enquanto a 4 não tem nem ano de previsão de entrega.
Tinha prometido não falar mal da cidade. Só escrever pontos positivos.
Deixo isso para semana que vem!

OLHE PARA O MEU UMBIGO!!



E PARE DE OLHAR SOMENTE PARA O SEU!
FALTAM GENTILEZA, COMPANHEIRISMO, ESPÍRITO DE EQUIPE, EDUCAÇÃO!
EU DEFENDIA A CIDADE, ATÉ POUCO TEMPO, DIZENDO QUE O PAULISTANO NÃO É TÃO FRIO ASSIM, COMO AFIRMAM POR AÍ. MUDEI DE OPINIÃO.
CUSTA SER GENTIL? QUEM NUNCA TEVE A VAGA TOMADA NUM SHOPPING? E OLHA QUE SE SÓ TOMAREM A SUA VAGA DÊ GRAÇAS A DEUS!
QUEM NUNCA FOI FECHADO NO TRÂNSITO?
MUITA GENTE LIGOU O "FODA -SE!", E FAZ TEMPO. É CADA UM POR SI, E SÓ!
TUMULTO PRA ENTRAR NO METRÔ, BRIGA PRA SUBIR PRIMEIRO NO ÔNIBUS.
NA FILA DO BANCO SEMPRE TEM UM ESPERTINHO QUERENDO FURAR.
A LEI DE GÉRSON IMPERA!
SE QUISER COMPRAR UM LUGAR EM QUALQUER FILA É SUPER FÁCIL. FERRE-SE QUEM ESTIVER ATRÁS.
E SURGE AQUELE VELHO DITADO: É PRA QUEM PODE, NÃO PRA QUEM QUER!
SER GENTIL, EDUCADO, COMPANHEIRO, AMIGO, É PRA QUEM QUISER!!!!!!!!
SOU DO TEMPO QUE AINDA ERA COMUM PEGAR CARONA COM DESCONHECIDO. QUANDO ERA MOLEQUE PEDIA CARONA PRA VOLTAR DO BAILE DE CARNAVAL DO CLUBE DA PORTUGUESA. MUITA GENTE DAVA, SEM PROBLEMAS.
NAQUELA ÉPOCA, O COBRADOR DO ÔNIBUS AINDA DAVA INFORMAÇÃO COM UM SORRISO NO ROSTO E, MUITAS VEZES, ATÉ DEIXAVA "PASSAR POR BAIXO", SEM FAZER CARA FEIA. ADOLESCENTES, CURTINDO, SEMPRE SEM GRANA, OU COM POUCA. COMPREENSÍVEL
TUDO ERA MAIS FÁCIL. QUE BICHO MORDEU AS PESSOAS PARA QUE ESTEJAM ASSIM? ME DISSERAM QUE É UMA BACTERIAZINHA CHAMADA GANÂNCIA.
É MUITO DIFÍCIL USAR AS PALAVRINHAS MÁGICAS: COM LICENÇA, POR FAVOR, DESCULPE E OBRIGADO???
SERÁ QUE ELAS VÃO SUMIR COM A REFORMA DA LÍNGUA PORTUGUESA? NÃO ESTRANHARIA. CAÍRAM EM DESUSO...
QUE MEDO!
COLABOREM! USEM ESSAS PALAVRINHAS. SÃO DE DICÇÃO FÁCIL, NÃO TEM COMO ERRAR!
NÃO DEIXEM QUE ELAS DESAPAREÇAM, POR FAVOR!


espaço aberto para a indignação de um paulistano

LUCIANO HUCK foi assassinado. Manchete do "Jornal Nacional" de ontem. E eu, algumas páginas à frente neste diário, provavelmente no caderno policial. E, quem sabe, uma homenagem póstuma no caderno de cultura. Não veria meu segundo filho. Deixaria órfã uma inocente criança. Uma jovem viúva. Uma família destroçada. Uma multidão bastante triste. Um governador envergonhado. Um presidente em silêncio. Por quê? Por causa de um relógio. Como brasileiro, tenho até pena dos dois pobres coitados montados naquela moto com um par de capacetes velhos e um 38 bem carregado. Provavelmente não tiveram infância e educação, muito menos oportunidades. O que não justifica ficar tentando matar as pessoas em plena luz do dia. O lugar deles é na cadeia. Agora, como cidadão paulistano, fico revoltado. Juro que pago todos os meus impostos, uma fortuna. E, como resultado, depois do cafezinho, em vez de balas de caramelo, quase recebo balas de chumbo na testa. Adoro São Paulo. É a minha cidade. Nasci aqui. As minhas raízes estão aqui. Defendo esta cidade. Mas a situação está ficando indefensável. Passei um dia na cidade nesta semana -moro no Rio por motivos profissionais- e três assaltos passaram por mim. Meu irmão, uma funcionária e eu. Foi-se um relógio que acabara de ganhar da minha esposa em comemoração ao meu aniversário. Todos nos Jardins, com assaltantes armados, de motos e revólveres. Onde está a polícia? Onde está a "Elite da Tropa"? Quem sabe até a "Tropa de Elite"! Chamem o comandante Nascimento! Está na hora de discutirmos segurança pública de verdade. Tenho certeza de que esse tipo de assalto ao transeunte, ao motorista, não leva mais do que 30 dias para ser extinto. Dois ladrões a bordo de uma moto, com uma coleção de relógios e pertences alheios na mochila e um par de armas de fogo não se teletransportam da rua Renato Paes de Barros para o infinito. Passo o dia pensando em como deixar as pessoas mais felizes e como tentar fazer este país mais bacana. TV diverte e a ONG que presido tem um trabalho sério e eficiente em sua missão. Meu prazer passa pelo bem-estar coletivo, não tenho dúvidas disso. Confesso que já andei de carro blindado, mas aboli. Por filosofia. Concluí que não era isso que queria para a minha cidade. Não queria assumir que estávamos vivendo em Bogotá. Errei na mosca. Bogotá melhorou muito. E nós? Bem, nós estamos chafurdados na violência urbana e não vejo perspectiva de sairmos do atoleiro. Escrevo este texto não para colocar a revolta de alguém que perdeu o rolex, mas a indignação de alguém que de alguma forma dirigiu sua vida e sua energia para ajudar a construir um cenário mais maduro, mais profissional, mais equilibrado e justo e concluir -com um 38 na testa- que o país está em diversas frentes caminhando nessa direção, mas, de outro lado, continua mergulhado em problemas quase "infantis" para uma sociedade moderna e justa. De um lado, a pujança do Brasil. Mas, do outro, crianças sendo assassinadas a golpes de estilete na periferia, assaltos a mão armada sendo executados em série nos bairros ricos, corruptos notórios e comprovados mantendo-se no governo. Nem Bogotá é mais aqui. Onde estão os projetos? Onde estão as políticas públicas de segurança? Onde está a polícia? Quem compra as centenas de relógios roubados? Onde vende? Não acredito que a polícia não saiba. Finge não saber. Alguém consegue explicar um assassino condenado que passa final de semana em casa!? Qual é a lógica disso? Ou um par de "extraterrestres" fortemente armado desfilando pelos bairros nobres de São Paulo? Estou à procura de um salvador da pátria. Pensei que poderia ser o Mano Brown, mas, no "Roda Vida" da última segunda-feira, descobri que ele não é nem quer ser o tal. Pensei no comandante Nascimento, mas descobri que, na verdade, "Tropa de Elite" é uma obra de ficção e que aquele na tela é o Wagner Moura, o Olavo da novela. Pensei no presidente, mas não sei no que ele está pensando. Enfim, pensei, pensei, pensei. Enquanto isso, João Dória Jr. grita: "Cansei". O Lobão canta: "Peidei". Pensando, cansado ou peidando, hoje posso dizer que sou parte das estatísticas da violência em São Paulo. E, se você ainda não tem um assalto para chamar de seu, não se preocupe: a sua hora vai chegar. Desculpem o desabafo, mas, hoje amanheci um cidadão envergonhado de ser paulistano, um brasileiro humilhado por um calibre 38 e um homem que correu o risco de não ver os seus filhos crescerem por causa de um relógio.Isso não está certo.
LUCIANO HUCK, 36, apresentador de TV, comanda o programa "Caldeirão do Huck", na TV Globo. É diretor-presidente do Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias.