Gula no mosteiro...


Quem não conhece o Mosteiro de São Bento deveria se aventurar. O lugar é conhecido pela beleza interior, mas quase ninguém foi lá realmente. O melhor dia é domingo, o centro da cidade é menos movimentado, não tem trânsito e o melhor, pode acompanhar a missa das 10h que é quase um espetáculo com o famoso canto gregoriano. Para os beneditinos o monge deve orar, ler e trabalhar.
E é por isso que logo depois da missa, lojinha é aberta. São produtos artesanais preparados por eles próprios.
Eles vendem pães, bolos, geléia de damasco, mel e um pão de mel com recheio de geléia de morango que custa R$ 5,00. O bolo mais caro é o de natal, custa R$ 49,00. Já comprei o maravilhoso bolo Santa Escolástica que é preparado com nozes e maça, custou R$ 40,00.
Não é barato, mas também não é qualquer bolo. São receitas que só os monges sabem. Acho que vale pelo agrado de dar um presente com tradição e carinho.
A partir de dezembro desse ano os monges convidam 120 pessoas a praticar o pecado da gula dentro das suas próprias muralhas. A comilança é no refeitório do mosteiro, é a primeira vez que o local vai receber pessoas de fora. O preço de R$ 99,00, inclui todos os kitutes de café da manhã, espumantes, manobrista e uma preparação toda especial de um chef de cozinha diferente a cada mês. O ingresso precisa ser comprado a partir das 12h no sábado do dia anterior. Parte da renda será doada a uma instituição de caridade.
A idéia era receber os convidados somente nos primeiros domingos do mês, mas o sucesso foi tão grande que eles repetiram a dose no segundo domingo também!

Dezembro, mês da paciência paulistana!


Todos os carros da cidade resolvem sair de casa para fazer alguma coisa, trânsito.
Todo mundo resolve ser madame de shopping. Nem o setor de manobrista sai ileso, lotação!
Estou começando a me preparar. Coloquei o "sem parar" no meu carro. No shopping Ibirapuera, o mais perto da minha casa o sistema não funciona, não tem problema, comprei um cartão de R$ 50,00, assim pelo menos não preciso pegar a fila para pagar o estacionamento. Estou tentando adiantar os presentes. Só tentando!
Sacolas cheias no elevador. Gente, gente e gente!
Carros a meio por hora para ficar contemplando os enfeites das ruas. E ruas como a Normandia em Moema? Linda não? Mas insuportável! Mantenha a distância de pelo menos 3 quarteirões. Quer ver a maior árvore de Natal, a do parque do Ibirapuera? Não vá! Pipoqueiro, algazarra e vendedor de tudo que é tipo. Aproveite o seu sofazinho e veja na televisão. Preserve a sua saúde!
Vamos fugir? Não posso! Vamos pelo menos jantar num restaurante? Sim! Festa de fim de ano de empresa, amigo secreto, gritaria, gritaria e gritaria!
Sempre quis passear nos principais shoppings da cidade para ver os enfeites, as luzes, o espetáculo de natal, mas nunca acho o bichinho da paciência para me acompanhar. Nesse ano, juro que vou tentar de novo!
Quer piorar? Sabe janeiro? O mês da chuva? Te apresento o novo dezembro 2007, o mês da chuva! Já sabe, né?! Mais carros nas ruas, mais trânsito! Ufa, ainda bem que o ano novo tá ai!

Tem marmelada? Tem sim senhor!


Lembro da primeira vez que fui ao circo, foi no Guarujá com a minha família, não entendi como tantos motoqueiros entravam no globo da morte e para que eles entravam num lugar que poderiam morrer!?
Há uns dois anos, fui no circo da China, só números perigosos, impressionantes, gostei, mas não a ponto de achar o melhor!
Agora, tenho certeza que gosto do circo como espetáculo! Aqueles que vêm acompanhados de belos figurinos, música e um certo conforto para os espectadores. Não sou fresca, mas acho que ai pode se ter mais qualidade! Fico mais sossegada.
Claro que enganos acontecem, ano passado fui no Cirque Plume no espetáculo Plic Ploc. Coisa chata, ainda bem que não paguei muito caro, mas perdi para todo sempre uma sexta à noite, e pior, perdi a moral com meu marido que odeia, odeia circo!
Só recuperei quando o levei ao Slava Snow Show, o show não tem muitas atrações impressionantes, mas me fez rir muito, os palhaços têm um pouco mendigo, criança e Bozo. A interação com o público foi na medida certa (sorte dele que continua odiando). Teve neve e bolas enormes rolando em cima do público, nesta hora, vi pais de família pulando mais que os filhos!
Até o circo da China está tentando entrar neste novo sistema, nessa última apresentação em São Paulo, o figurino era chamativo e lembro de algumas músicas encantadoras, mas ainda tem muito que aprender.
Ano que vem o Cique du Soleil volta à cidade, daí sim, o perfeito, o sensacional e o inesquecível, como pode um espetáculo vender DVDs, Cds e camisetas, típico mundo Disney. O preço incomoda, mas vale cada centavo!
Para começar a ficar com vontade do Soleil, essa semana começa aqui na cidade o "encontro de lonas". São 4 lonas com apresentação de 50 espetáculos de 30 grupos diferentes. O ingresso vai custar R$ 2,00.
Quantidade ou qualidade? Fique à vontade!

Orgulho de ser paulistano

VOCÊ SABE QUE ALGUÉM É PAULISTANO QUANDO:

Na fala, ele:
a) Chama o semáforo de 'farol'; b) Diz 'bolacha' em vez de biscoito; c) Diz 'cara' em vez de menino; d) Diz 'mina' em vez de menina; e) Diz 'bexiga' em vez de balão; f) Diz 'sorvete', tanto para picolé como para sorvete de massa; g) Acha que não tem sotaque nenhum; h) Ri do sotaque de todo mundo (gaúcho, carioca, mineiro, nordestino, etc...); i) Vê uma pessoa mal vestida e chama de 'baiano'; j) É extremamente possessivo, pois emprega a palavra 'MEU' em praticamente todas as frases;
No clima:
a) Fala sobre o tempo para puxar assunto; b) Enfrenta sol, chuva, frio, calor, tudo no mesmo dia e acha legal; c) Sai todo agasalhado de manhã, tira quase tudo à tarde e põe tudo de volta à noite; d) Tem mania de levar o carro para polir no sábado ou no domingo; O carro fica brilhando, só que toda vez que vai sair com ele para passear... CHOVE;
Na praia :
a) Fala que vai para praia sem especificar qual; b) Fica a temporada no Guarujá, Maresias ou Ubatuba, mesmo que chova mais do que faça sol; c) Chama Ubatuba de 'Ubachuva' ; d) Fala mal da Praia Grande, mas toda virada de ano fica sem dinheiro e acaba indo para lá.
Nas esquisitices:
a) Faz fila para tudo (elevador, banheiro, ônibus, banco, mercado, casquinha do MC'DONALDS, etc.); b) Todo dia tem que passar na 'DROGARIA SÃO PAULO' ou na 'DROGA RAIA' ; c)Repara nas pessoas como se fossem de outro planeta; d) Cumprimenta os vizinhos apenas com 'oi' e 'tchau'; e) Espera a semana inteira pelo final de semana e quando ele chega, acaba não fazendo 'nada'; f) Convida: 'Passa lá em casa', mas nunca dá o endereço; g) Chama o povo do interior de São Paulo de 'caipira'.
Principal:
a) Ri de si mesmo ao perceber que tudo acima é verdade!

Coisas da cidade...que eu detesto!



Como diz minha companheira de EE e de blog, a Marcela, sou muito mal - humorado, não nego!

Vou expor alguns fatos que me deixam nesse estado: Motoboy, pontos de táxi, motoristas de táxi e de ônibus.


Como todos sabem, é o que mais tem na cidade...ops, desculpe, ônibus nem tanto. Mas os poucos que circulam por aí, lotados e caindo aos pedaços, adoram sacanear os pequenos, os carros pequenos.


Dia desses cheguei a sacar o celular, enquanto dirigia, pra fazer um filminho de um sacana de um motorista de ônibus, daqueles bi-articulados, ferrando todo o mundo na marginal. Cometia tamanhos absurdos que quase consegui um flagrante pro SPTV. Anotei o número do "carro" e fiz questão de ligar pra empresa e denuncia-lo. Seria irônico se nos coletivos houvesse aquela famosa frase, estampada na traseira do veículo: " Como estou dirigindo? Ligue para... " Não são bestas! Nem se atrevem, pois choveria ligações. Liguei mesmo sem ter a frase. Se todos fizessem o mesmo, talvez alguma coisa melhoraria. Faço a minha parte.


Tenho vontade de fazer uma palestra para todos os motoboys da cidade. Sim, todos!


Não seria bem uma palestra, mas uma bronca generalizada. Perguntaria a eles, por exemplo: Por que acham que nós, pobres motoristas de carros, não podemos mudar de faixa sem ouvir uma buzina e um xingamento? Isso se conseguir se livrar de um pontapé no retrovisor externo. Que eu saiba, quem está na frente tem preferência, portanto, o certo seria eles desacelerarem e esperarem o carro mudar de pista, pra depois continuarem suas tentativas de suicídio nos "corredores" da avenidas. Acham que têm preferência no trânsito. Por esses e outros motivos, às vezes é melhor pegar um táxi. Mas sempre que vou a um ponto procurar por um, adivinhe: vazio! (Acho que tem mais pontos de táxi, hoje, em São Paulo, do que bares. E mais: você pode ver na plaquinha: Ponto de táxi - 3 vagas - e cinquenta deles esperando pelas 3 vagas. Tomam a rua toda, e ai de você se parar entre eles. Pode ter o carro "prejudicado", como dizia um colega.) Quer um exemplo? Aqui na porta da tv...


Alguém tá ganhando muita grana liberando ponto de táxi, não é possível!


Quando desisto e volto a pegar meu carro aparece um deles na minha frente, vazio, e andando a 10 por hora. Você já viu algum táxi envolvido em acidente? É muito difícil. Também, rastejam pelas ruas. E quando você precisa ir ao aeroporto? Parece que fazem de propósito: andam a 5 por hora. Irritante! Se pedimos pra ir mais rápido, aí, sim, vão a 10 por hora.


Pra variar, e pra encerrar meu desabafo, aquela boa e velha piadinha:


O portugês que tinha medo de altura entrou no táxi e foi logo dizendo: "Avenida Paulista, por favor!" E o motorista pergunta: "Que altura?" O português aflito, responde: " Se passares de um metro eu lhe mato!"


Mais uma? Só que é de português, de novo:


O motorista de ônibus, português, pára ao ver uma senhora fazendo sinal, na av. Faria Lima. Ela sobe e pergunta: "Esse ônibus pega a Paulista?" - resposta do gajo: "Pega, sim, pega paulista, carioca, baiana...


Pra sorte de vocês, não me lembro de nenhuma de motoboy! Pena!

minha ex-terra da garoa


O céu da cidade já não é um dos mais azuis que conheço. Mas por causa da falta de chuva ele tá cada dia mais cinza, cinza mesmo.
Sabe o que dizem os arquitetos sobre o azul claro em um ambiente? Tomar cuidado!
Isso porque o azul claro pode ser um cinza sem graça fácil, fácil!
É isso que está acontecendo com a cidade de São Paulo. A chuva não vem para "limpar" o céu. Se olhar com uma visão mais romântica, até se acha o azulzinho lá em cima, mas o horizonte, este, definitivamente, está cinza sem graça.
Quando chego em casa e meus olhos começam a coçar, ficar vermelhos, já sei, o índice de umidade tá baixo. Agora, tá em 30% na cidade, sabe o que é isso? Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) é a primeira na escala considerada preocupante. Eu não preciso deste índice para saber que tô mal.
Mandinga, dança da chuva e reza brava. Qualquer coisa para tentar amenizar a situação.
Agora, dizem que vai chover...
Tomara que sim, durante o fim de semana, e só!
Lembrei que tem fórmula um na semana que vem
Ainda não descobri se é melhor trabalhar no autódromo de Interlagos debaixo de chuva ou de sol.
No sol se queima o coco mesmo com protetor, não tem sombra e água fresca, nem pensar.
Na chuva... ichii... Acabei de descobrir, é pior! Não tem parte coberta, é impossível ficar com a roupa seca!
Tá bom vai, vou assumir o meu umbigo.
Nada de chuva! Que venha o sol!
Cidade ainda mais cinza, horizonte sem graça e olhos coçando
Será que tô pedindo muito se pensar numa nuvenzinha... Ou uma chuvinha à noite?!

rodízio, e daí?

Coisa chata!
Hoje é dia do meu rodízio, não posso sair com meu carro no centro expandido das 07h às 10h e das 17h às 20h. Isso acontece desde 96 por causa da lei criada pela secretaria do meio ambiente para diminuir o número de carros nas ruas e os poluentes no ar.
Não apoio a lei e não me esforço em nada! Não sou revoltada, é que o transporte público aqui é um horror!
O primeiro sonho do cidadão paulistano é ter carro. O apartamento e o investimento ficam para depois.

Fiz uma pesquisa rápida pela internet e descobri uns dados interessantes sobre o metrô, que deveria ser o melhor meio de transporte.
Quando o rodízio começou, a cidade tinha 33,7km de metrô, agora, depois de 11 anos, tem 61,3km e é só.. A área de São Paulo é de 1.530 km quadrados. Tá fácil, né!
Fazendo uma comparação com as outras grandes cidades do mundo, a cidade do México, que também tem rodízio de carros, tem 200 km de metrô. Paris, a cidade luz, tem 213 km. Madri 317 km e Londres, com o metrô mais antigo do mundo, tem 408 quilômetros de linha.
Agora, Nova Iorque a história é outra. Deixa todas as cidades com vergonha ou inveja. São 1.056km, 468 estações e 26 linhas diferentes.

Ainda acho lá no fundo que aqui tem jeito.
Pelos programas do metrô, eles pretendem expandir mais 28,5km e 25 estações até 2012. Ainda não é muito, mas ...
A linha 4 é que é o grande embrolho! Foi onde aconteceu o desabamento que matou 7 pessoas. Mais uma tristeza para a cidade.
A 5 já tem seis estações funcionando enquanto a 4 não tem nem ano de previsão de entrega.
Tinha prometido não falar mal da cidade. Só escrever pontos positivos.
Deixo isso para semana que vem!

OLHE PARA O MEU UMBIGO!!



E PARE DE OLHAR SOMENTE PARA O SEU!
FALTAM GENTILEZA, COMPANHEIRISMO, ESPÍRITO DE EQUIPE, EDUCAÇÃO!
EU DEFENDIA A CIDADE, ATÉ POUCO TEMPO, DIZENDO QUE O PAULISTANO NÃO É TÃO FRIO ASSIM, COMO AFIRMAM POR AÍ. MUDEI DE OPINIÃO.
CUSTA SER GENTIL? QUEM NUNCA TEVE A VAGA TOMADA NUM SHOPPING? E OLHA QUE SE SÓ TOMAREM A SUA VAGA DÊ GRAÇAS A DEUS!
QUEM NUNCA FOI FECHADO NO TRÂNSITO?
MUITA GENTE LIGOU O "FODA -SE!", E FAZ TEMPO. É CADA UM POR SI, E SÓ!
TUMULTO PRA ENTRAR NO METRÔ, BRIGA PRA SUBIR PRIMEIRO NO ÔNIBUS.
NA FILA DO BANCO SEMPRE TEM UM ESPERTINHO QUERENDO FURAR.
A LEI DE GÉRSON IMPERA!
SE QUISER COMPRAR UM LUGAR EM QUALQUER FILA É SUPER FÁCIL. FERRE-SE QUEM ESTIVER ATRÁS.
E SURGE AQUELE VELHO DITADO: É PRA QUEM PODE, NÃO PRA QUEM QUER!
SER GENTIL, EDUCADO, COMPANHEIRO, AMIGO, É PRA QUEM QUISER!!!!!!!!
SOU DO TEMPO QUE AINDA ERA COMUM PEGAR CARONA COM DESCONHECIDO. QUANDO ERA MOLEQUE PEDIA CARONA PRA VOLTAR DO BAILE DE CARNAVAL DO CLUBE DA PORTUGUESA. MUITA GENTE DAVA, SEM PROBLEMAS.
NAQUELA ÉPOCA, O COBRADOR DO ÔNIBUS AINDA DAVA INFORMAÇÃO COM UM SORRISO NO ROSTO E, MUITAS VEZES, ATÉ DEIXAVA "PASSAR POR BAIXO", SEM FAZER CARA FEIA. ADOLESCENTES, CURTINDO, SEMPRE SEM GRANA, OU COM POUCA. COMPREENSÍVEL
TUDO ERA MAIS FÁCIL. QUE BICHO MORDEU AS PESSOAS PARA QUE ESTEJAM ASSIM? ME DISSERAM QUE É UMA BACTERIAZINHA CHAMADA GANÂNCIA.
É MUITO DIFÍCIL USAR AS PALAVRINHAS MÁGICAS: COM LICENÇA, POR FAVOR, DESCULPE E OBRIGADO???
SERÁ QUE ELAS VÃO SUMIR COM A REFORMA DA LÍNGUA PORTUGUESA? NÃO ESTRANHARIA. CAÍRAM EM DESUSO...
QUE MEDO!
COLABOREM! USEM ESSAS PALAVRINHAS. SÃO DE DICÇÃO FÁCIL, NÃO TEM COMO ERRAR!
NÃO DEIXEM QUE ELAS DESAPAREÇAM, POR FAVOR!


espaço aberto para a indignação de um paulistano

LUCIANO HUCK foi assassinado. Manchete do "Jornal Nacional" de ontem. E eu, algumas páginas à frente neste diário, provavelmente no caderno policial. E, quem sabe, uma homenagem póstuma no caderno de cultura. Não veria meu segundo filho. Deixaria órfã uma inocente criança. Uma jovem viúva. Uma família destroçada. Uma multidão bastante triste. Um governador envergonhado. Um presidente em silêncio. Por quê? Por causa de um relógio. Como brasileiro, tenho até pena dos dois pobres coitados montados naquela moto com um par de capacetes velhos e um 38 bem carregado. Provavelmente não tiveram infância e educação, muito menos oportunidades. O que não justifica ficar tentando matar as pessoas em plena luz do dia. O lugar deles é na cadeia. Agora, como cidadão paulistano, fico revoltado. Juro que pago todos os meus impostos, uma fortuna. E, como resultado, depois do cafezinho, em vez de balas de caramelo, quase recebo balas de chumbo na testa. Adoro São Paulo. É a minha cidade. Nasci aqui. As minhas raízes estão aqui. Defendo esta cidade. Mas a situação está ficando indefensável. Passei um dia na cidade nesta semana -moro no Rio por motivos profissionais- e três assaltos passaram por mim. Meu irmão, uma funcionária e eu. Foi-se um relógio que acabara de ganhar da minha esposa em comemoração ao meu aniversário. Todos nos Jardins, com assaltantes armados, de motos e revólveres. Onde está a polícia? Onde está a "Elite da Tropa"? Quem sabe até a "Tropa de Elite"! Chamem o comandante Nascimento! Está na hora de discutirmos segurança pública de verdade. Tenho certeza de que esse tipo de assalto ao transeunte, ao motorista, não leva mais do que 30 dias para ser extinto. Dois ladrões a bordo de uma moto, com uma coleção de relógios e pertences alheios na mochila e um par de armas de fogo não se teletransportam da rua Renato Paes de Barros para o infinito. Passo o dia pensando em como deixar as pessoas mais felizes e como tentar fazer este país mais bacana. TV diverte e a ONG que presido tem um trabalho sério e eficiente em sua missão. Meu prazer passa pelo bem-estar coletivo, não tenho dúvidas disso. Confesso que já andei de carro blindado, mas aboli. Por filosofia. Concluí que não era isso que queria para a minha cidade. Não queria assumir que estávamos vivendo em Bogotá. Errei na mosca. Bogotá melhorou muito. E nós? Bem, nós estamos chafurdados na violência urbana e não vejo perspectiva de sairmos do atoleiro. Escrevo este texto não para colocar a revolta de alguém que perdeu o rolex, mas a indignação de alguém que de alguma forma dirigiu sua vida e sua energia para ajudar a construir um cenário mais maduro, mais profissional, mais equilibrado e justo e concluir -com um 38 na testa- que o país está em diversas frentes caminhando nessa direção, mas, de outro lado, continua mergulhado em problemas quase "infantis" para uma sociedade moderna e justa. De um lado, a pujança do Brasil. Mas, do outro, crianças sendo assassinadas a golpes de estilete na periferia, assaltos a mão armada sendo executados em série nos bairros ricos, corruptos notórios e comprovados mantendo-se no governo. Nem Bogotá é mais aqui. Onde estão os projetos? Onde estão as políticas públicas de segurança? Onde está a polícia? Quem compra as centenas de relógios roubados? Onde vende? Não acredito que a polícia não saiba. Finge não saber. Alguém consegue explicar um assassino condenado que passa final de semana em casa!? Qual é a lógica disso? Ou um par de "extraterrestres" fortemente armado desfilando pelos bairros nobres de São Paulo? Estou à procura de um salvador da pátria. Pensei que poderia ser o Mano Brown, mas, no "Roda Vida" da última segunda-feira, descobri que ele não é nem quer ser o tal. Pensei no comandante Nascimento, mas descobri que, na verdade, "Tropa de Elite" é uma obra de ficção e que aquele na tela é o Wagner Moura, o Olavo da novela. Pensei no presidente, mas não sei no que ele está pensando. Enfim, pensei, pensei, pensei. Enquanto isso, João Dória Jr. grita: "Cansei". O Lobão canta: "Peidei". Pensando, cansado ou peidando, hoje posso dizer que sou parte das estatísticas da violência em São Paulo. E, se você ainda não tem um assalto para chamar de seu, não se preocupe: a sua hora vai chegar. Desculpem o desabafo, mas, hoje amanheci um cidadão envergonhado de ser paulistano, um brasileiro humilhado por um calibre 38 e um homem que correu o risco de não ver os seus filhos crescerem por causa de um relógio.Isso não está certo.
LUCIANO HUCK, 36, apresentador de TV, comanda o programa "Caldeirão do Huck", na TV Globo. É diretor-presidente do Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias.

eu não sou louca, juro!


Vou contar uma história, acho que quem não me conhece vai achar que é mentira, pena!
Tenho mania de conversar com os cachorros dos outros na rua. Esqueço que eles vêm "acompanhados" dos donos. Quando me dou conta da vergonha, já foi! Ou me divirto ainda mais quando faço a pergunta e o dono responde com a voz mudada, como se fosse a do seu cachorro.
Outro dia, fui ao supermercado a pé e encontrei um dachshund passeando na rua junto com seu amiguinho poodle. Achei o salsicha tão lindinho e perguntei: "Você é filhotinho?" e senhora simpática que comandava a coleirinha respondeu que não, que ele já tinha 2 anos. Elogiei o cachorrinho falando que deveria ser muito bom ter sempre um filhote em casa. E continuei meu caminho.
Depois de uns 15 minutos voltei para a casa e fui para o elevador de serviço. Quando a porta estava quase se fechando, entra o salsichinha, sozinho dessa vez.
Primeiro perguntei se ele morava no prédio, depois em que andar e ainda falei que eu morava no oitavo. Na mesma hora, a senhora simpática que agora estava assustada puxou a porta do elevador e entrou com o poodle. Ela me viu conversando com o cachorro dela!
Ai que me pergunto? Por que fui conversar com o cachorro como se ele pudesse responder?
Não tem explicação? Eu tenho. Quem já teve cachorrinho ou gatinho, sabe o que tô falando. A gente cria amor fácil, fácil!
Ahhh só para completar, o salsicha estava visitando uma amiga no quinto andar!

inveja de paulistano

Um caríssimo colega sugeriu há pouco que "paulichta" sente inveja do Rio de Janeiro. Sempre considerei o Rio simplesmente belíssimo. Isso foi motivo de várias desavenças com conterrâneos xiitas, por assim dizer. Os menos bairristas ainda tentavam argumentar: "não é nada contra a cidade, o povo de lá é que não desce". E eu, firme e forte, alegando que havia uma dose exagerada de provincianismo nisso, que existem criaturas 'malas' de todas as naturalidades - no Rio e fora dele -, que afinal somos todos brasileiros e que deveríamos nos orgulhar da Cidade Maravilhosa e blá, blá, blá.

Convivi por vários anos com alguém de lá. Ele e sua família eram tipicamente cariocas: alegres,
debochados, o sotaque característico. Vez por outra, faziam alguma 'comparação' (se é que é
possível comparar um diamante com o ouro...). E riam, jocosamente, sem maiores discussões, cariocamente. Pouca coisa mudou em minha opinião nesses últimos anos em relação ao Rio, mas tenho de admitir que alguns cariocas 'perderam a mão'. Imagino que, por conviverem com tantos desmandos em sua ainda bela cidade, tendo de defendê-la como fariam com um filho que se meteu em encrencas, alguns deles tornaram-se irascíveis.
Ultimamente, tenho notado reações novas, que nada têm a ver com a boa e velha malandragem dos cariocas da gema.
Paulistano que é paulistano não perde tempo com esse tipo de conversa. Só quando sobra algum e, invariavelmente, pra fazer o visitante sentir-se enturmado - seja do Rio, do Sul, do Nordeste ou de Goiás... E é desagradável quando o 'hóspede' reage mal, quando ofende nossa casa. Ao nosso ver, trata-se de uma postura no mínimo indelicada a de cuspir no prato em que se come. São bem-vindos e criticam? Que feio!!
Por essas e outras, jamais verão suas cidades chegarem à grandeza de São Paulo. A arte de ser maior, de liderar, demanda sabedoria. Por isso, São Paulo é o que é, por causa da inteligência dos que aqui nascem e crescem - e que, inclusive, aceitam a mão-de-obra de fora, geralmente mais barata, para trabalhar em favor de nosso crescimento.
No caso dos filhos da capital fluminense, nem tudo está perdido. Há os cariocas legítimos, que conseguem fazer da insolência uma característica apaixonante. Como o motorista do táxi que nos levou da Barra ao Santos Dumont, no final do ano passado. O sujeito estava se divertindo com os quatro paulistanos dentro de seu carro. Risonho, simpático e extremamente veloz, o rapaz mandava ver quando avistava algum motoqueiro pela frente. Metia o pé no acelerador, eventualmente a mão na buzina, e ai do motoqueiro se não saísse do caminho. E tripudiava das histórias oriundas de Sampa, onde motoqueiro faz o que quer.
"Aqui nu Ri-u é u seguintch: a lei du maich fortch. Eu não me meto a beichta com caminhão, maich motoqueiro ninhum se mete a beichta cumigu, valeu? Aqui não é como em São Paulo, que motoqueiro manda, não!"
Nesse aspecto, reconheço: que in-ve-ja!!

Estou 'marginal sem número'

...minha amiga blogueira perguntou hoje se eu já havia superado minha 'crise'. É difícil responder com clareza... nesse mar de informação que nos cerca dia a dia, corre-se o risco até de não saber de onde vem o estresse. Seria o trânsito? Os pedintes? Os políticos? As contas? O trabalho, os problemas dos entes queridos? Sei não. Pra tentar explicar metaforicamente, se eu fosse um clube paulistano, neste momento, seria o (ops!!!) Corinthians.
Mas, afinal que culpa têm os que nos visitam aqui? Humildemente, peço desculpas. Só sei que estou muito cansada, muito... E só há, como no futebol, uma saída: bola pra frente...

PÕE NA CONTA.

Hoje fui ao açougue. Entreguei meu pedido de compra do mês e fiquei aguardando, no caixa, conversando com a funcionária.
Vi uma coisa que achava que não existia mais. Uma senhora comprou seu quilinho de carne moída e pediu pra "marcar".
Saiu correndo... " Ainda vou fazer o almoço"!
A moça do caixa sacou um caderninho e "marcou"!
Não me contive. Perguntei se era aquilo mesmo. "Muita gente tem conta aqui no açougue", afirmou ela.
Por comodidade ou por dureza mesmo, quando era pequeno, ia à "quitanda", trazia as coisas pra minha mãe e pedia pra marcar.
Lembro-me bem disso. Pagávamos só no final do mês. Era mais fácil - não precisava ter dinheiro na mão todo dia - e quando não tinha o dinheiro, principalmente.
Isso nos idos de 70 e pouco... Coisa só vista, atualmente, em cidade pequena, onde todo mundo confia em todo mundo.
E pensar que existem lugares que não te deixam ficar devendo alguns centavos... Preferem trocar o dinheiro a deixar faltar umas moedinhas.
Uma mania horrível na cidade, por falar em troco, é aquela : "pode ser uma balinha?", como aquele comercial, veiculado há pouco tempo na tv.
Isso acontecia também com o ticket - refeição, na época em que era de papel. Você saia obrigatoriamente com um contra-vale de troco. Muitas vezes de um lugar que você tinha a certeza de que nunca mais voltaria lá. Fazer o quê?
Um dia paguei um café e um bolo, dei um ticket de R$6,00 (havia gastado exatos R$3,00) e pedi pra "caixa" um ticket de R$3,00 de troco. Quem se lembra sabe: Tinha os de 3 e os de 6. Ela alegou que não podia, porque aquilo não era dinheiro, pra poder dar de troco. Imaginem o tamanho da briga. "E contra-vale é troco???"
Malandragens de cidade grande, que, no fim, nos ajudam a ficar cada vez mais espertos com esses espertos.
Pra variar, essa história me lembrou uma piadinha...
Mas acho que não dá pra contar aqui...ou dá?
Ah, quem não quiser que não continue lendo....
O Joãozinho sempre ia à farmácia e pedia: "Seo Zé, me dá um rolo de papel pra limpar a bunda?!".
E depois ainda gritava, ao sair: "Marca na conta da minha mãe..."
Um dia o farmacêutico deu uma bronca no moleque. "O certo é você falar papel higiênico, vê se aprende!"
Uma semana depois o Joãozinho volta. Farmácia lotada. Super educado, pede: "Eu quero um rolo de papel higiênico!".
O seo Zé, feliz da vida com o resultado da bronca, entrega e pergunta: "É pra marcar, né?" O menino responde: "Não, é pra limpar a bunda, mesmo..."

Pastel, o quitute paulistano!

Pastel, pastel, pastel. Todos os dias acordo com vontade de comer um, mas não é qualquer um. É o da feira de rua, do japones, feito na hora, crocante e com pouco recheio. Aquele que se esperar 5 minutos para comer, já não fica tão bom.
Quando era um pouco mais nova, eu e minha irmã gêmea passamos as férias comendo pastel todos os dias! Que delícia, as duas sabiam de cor em que rua a gente iria encontrar um quentinho qualquer dia da semana. Chegamos ao ponto de ficar perseguindo a mesma barraca de pastel em dias diferentes! Na quarta era no Pacaembu, na quinta na Lapa, na sexta na Pompéia. Engraçado, né, na época era vício!
O SPTV da TV Globo está fazendo uma pesquisa entre os paulistanos para descobrir qual é o prato típico da cidade. Os concorrentes são: pastel (claro!), pizza de marguerita, sushi, bauru, esfiha, virado a paulista, spaghetti ao sugo, feijoada ligth, cuscuz paulista e churrasco rodízio.
A pesquisa vai até novembro, mas a discussão, essa não vai acabar.
Como pode um sushi ser a cara da cidade, nem todo mundo come peixe cru. A feijoada, essa tudo bem, todos os restaurantes e bares da cidade servem aos sábados, faça muito sol ou frio, mas light?! Bauru, sanduba com nome de uma cidade do interior, não! Esfiha? Não seria melhor a famosa e temida coxinha?
E as comidinhas esquecidas, o cachorro quente e o churrasquinho grego, os dois custam um real no centrão e o corajoso ainda ganha um suquinho de troco.
Até agora, a pizza de marguerita está na frente com 33%, depois vem o virado a paulista (com 18%) e em singelo terceiro lugar encontra-se o meu desejado pastelzinho! Pelo menos, fica no pódio.
Vote, deixe a sua opinião

DIVORCIO DE SÃO PAULO?

...ME ENCONTRO EM UMA SITUAÇÃO DEVERAS INCÔMODA, POR AGORA. INTEGRO UMA EQUIPE DE PAULISTANOS REUNIDOS PARA FALAR A RESPEITO DE SÃO PAULO. O PRESSUPOSTO: SE FUI CONVIDADA PRA FALAR SOBRE MINHA CIDADE É PORQUE DEMONSTRO FREQÜENTEMENTE MINHA ADMIRAÇÃO POR ELA.
MAS O QUE A GENTE FAZ QUANDO A PAIXÃO ‘ESFRIA’?
TENHO OUVIDO MUITA GENTE FALAR SOBRE SEPARAÇÃO, E O MAIS IMPRESSIONANTE, AO MEU VER: O FAZEM COM UMA NATURALIDADE DESCONCERTANTE.
VEZ POR OUTRA – COMO ACONTECEU ESSA SEMANA, NUM ELEVADOR – ALGUÉM EXPRESSA UM CERTO DESCONFORTO, DOR ATÉ, PROVAVELMENTE POR TER PASSADO POR UMA E NÃO TÊ-LA AINDA SUPERADO... MAS ISSO É RARO. POUCA GENTE AINDA SOFRE DESSE MAL. QUANDO A PAIXÃO ESFRIA É ‘BOLA PRA FRENTE’, ACOMPANHADO DE UM TAL DE ‘A FILA ANDA’.
O FATO É QUE EM NOSSA SOCIEDADE, A SEPARAÇÃO DOS CASAIS TORNOU-SE TÃO VULGAR QUANTO A MAIORIA DOS MOTIVOS QUE LEVAM A ELA. NA MINHA OPINIÃO PARA QUE UMA SEPARAÇÃO SE DESSE SERIA PRECISO, POR ASSIM DIZER, BEM MAIS QUE UMA NOVA BARRIGA-DE-TANQUINHO...
QUANDO CASEI, ESTABELECI UMA REGRA – “É PARA SEMPRE” - COM TRÊS EXCEÇÕES: TRAIÇÃO, CORRUPÇÃO OU FIM DO AMOR. LEVANDO EM CONTA O QUE (NÃO) ACONTECEU AO LONGO DE ALGUNS BONS ANOS, NOTEI QUE UMA DAS TRÊS EXCEÇÕES CRIADAS POR MINHA CABECINHA IMATURA ESTAVA EM CURSO – DEPOIS DA SEPARAÇÃO, ME DEI CONTA QUE UMA SEGUNDA EXCEÇÃO TAMBÉM HAVIA SE MANIFESTADO AO LONGO DA UNIÃO. E DESCONFIO QUE A TERCEIRA, POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, ESTÁ EM ANDAMENTO....
PORTANTO EU TIVE MOTIVOS REAIS PARA PEDIR O DIVÓRCIO. TENHO, ASSIM, MORAL O BASTANTE PARA GARANTIR QUE O ‘ESFRIAMENTO’ DE UMA PAIXÃO POR SI SÓ NÃO É EM ABSOLUTO MOTIVO PARA UMA SEPARAÇÃO.
POR EXEMPLO: SINTO ÓDIO, ÓDIO, POR NÃO TER O DIREITO DE FICAR QUIETA NO MEU CANTO QUANDO PARO NO SINAL. POR SER OBRIGADA A DESVIAR MINHA ATENÇÃO DO RÁDIO, OU DO SEMÁFORO, OU DA PAISAGEM QUANDO UM AMBULANTE COLOCA INADVERTIDAMENTE AS MÃOS NO MEU CARRO PARADO PARA OFERECER UMA VENDA QUALQUER. ISSO É AVILTANTE! PRA MIM, É COMO SE O CARA ESTIVESSE PONDO A MÃO NA MINHA BUNDA – E EU LÁ, FORÇADA A NÃO REAGIR. A MINHA VONTADE, MUITAS VEZES, É DESCER DO CARRO E ARREBENTAR O INFELIZ COM TODAS AS MINHAS ENERGIAS MUSCULARES. DEPOIS, ME TELETRANSPORTAR A BRASÍLIA COM UMA BAZUCA NO OMBRO E ATIRAR NO NOS PARLAMENTARES, NOS CONGRESSISTAS, NO PRESIDENTE.
MAS EM SÃ CONSCIÊNCIA: ISSO SERIA POSSÍVEL? RESOLVERIA MEUS PROBLEMAS? MAIS QUE ISSO: SERIA DETIDA SÓ POR AMEAÇAR AGREDIR UM AMBULANTE!! EU, QUE PAGO 27,5% NA FONTE, FORA OS IMPOSTOS EMBUTIDOS (DINHEIRO QUE CERTAMENTE NÃO VAI PARA O AMBULANTE QUE ME APORRINHA A CADA ESQUINA). E, AGORA, VEJO O PRESIDENTE DO SENADO IMPUNE, A CPMF ETERNIZADA...
HAJA ESFRIAMENTO!!DEVO ME SEPARAR DE SÃO PAULO?
NÃO FOI POR FALTA DE OPÇÃO QUE PERMANECI NESTA CIDADE . TIVE ENE OPORTUNIDADES DE SAIR DAQUI, DO PAÍS ATÉ. MAS PENSO QUE NÃO É ASSIM QUE A BANDA TOCA. AINDA ACREDITO QUE SÃO PAULO VAI MUITO ALÉM DE UMA BARRIGA-DE-TANQUINHO . AINDA MAIS PORQUE DAQUI A UMA SEMANA, A TPM TERÁ ACABADO...

Não sou!


A campanha "eu não sou de plástico" é da Secretária do verde e meio ambiente de São Paulo. A idéia é simples, levar sua própria sacola aos supermercados, daquelas de pano do tempo do vovó! Uma sacola plástico demora mais de 100 anos para voltar a ser pó. Alguns supermercados como o Santa Luzia e o Empório São Paulo oferecem sacolas de papel, que além de agüentarem mais peso, são mais confortáveis para carregar. Em alguns lugares da europa, as sacolas plásticas são cobradas, e há muito tempo. A discussão não é o valor!
As iniciativas são poucas, mas existem. Nossa "cidade de concreto" tem nove supermercados Pão de Açucar que estão recebendo óleos de cozinha. O óleo é transformado em biocombustível. Só para saber, um litro óleo sujo jogado no ralo, pode afetar 1 milhão de litros de água, um milhão!
Outro produto complicado é a pilha comum, NÃO jogue no lixo comum! Elas contêm mercúrio, chumbo, zinco, um montão destes metais que vazando na terra podem alcançar os lençóis de água, e ai já viu, né! O Carrefour e a Drogaria São Paulo recebem essas pilhas e encaminham para a empresa fabricante.
A palavra é proteger. Pelo menos, o que ainda podemos!

Liberdade, liberdade

É difícil conhecer tudo que uma cidade como a nosssa oferece.
Tantos restaurantes, feirinhas e cantinhos escondidos. Tantas pessoas, receitas e segredos.
Eu tenho uma dica que se encaixa perfeitamente.
É a feira do bairro da Liberdade, um bairro típicamente oriental no centro da cidade. Para quem quer comer uma comidinha diferente, vale a pena ir lá.
É como se fosse uma feira-livre, mas lá só se vende guloseimas, desde as mais comuns até aquelas que mesmo pedindo explicação, a cara de ??? continua, não exclusivamente pela comida, e sim por não entender que os "olhinhos puxados" tentam explicar.
Vou dar alguns exemplos: espetinhos de camarão e de polvo, tempurá, yakisoba (macarrão ou bifum), guioza e bolinhos de feijão (manju), feitos na hora e quentinhos.
A movimentação de gente não para. Os maiores problemas são, escolher o que experimentar e comer de pé. É, infelizmente não tem lugar para se sentar.
De sobremesa, é obrigação passar na Bakery Itiriki, fica na saída da feira, na rua dos estudantes. É uma padaria bem diferente. Produtos expostos, e os clientes com uma bandeja e um pegador de cozinha, ficam à vontade. Recomendo um docinho de manju com morango, maravilhoso! Eles também vendem o sorvete típico dos orientais. Sorvete de melão, esse eu não gosto, mas é um sucesso nas ruas!
A feira acontece na praça da Liberdade, funciona aos sábados e domingos das 10h às 18h.
Acho que amanhã vou lá!

QUEM TEM BOCA VAI A ROMA

Hoje faz 7 anos que meu pai morreu.
No começo, foi muito difícil acostumar. Tanto, que, mesmo depois de sua morte, quando me perdia na cidade, na mesma hora pensava em pedir ajuda a ele, pois conhecia São Paulo como ninguém!
Sempre dizia o melhor caminho. Não falhava.
No primeiro dia de trabalho, no meu primeiro emprego (conseguido com a ajuda dele, em 1979), ouvi com atenção seus sábios conselhos, antes de sair: “Se te mandarem fazer um serviço na rua e você não souber como chegar, não diga que não sabe. Vá! Pergunte a alguém assim que sair e você chegará lá”. Foi o que fiz, com sucesso absoluto.
Esta é uma grande qualidade das pessoas que moram nesta cidade. Todas são muito prestativas ao dar informação. Sempre tem alguém por perto que sabe onde fica o tal endereço. Se não conhece, logo pergunta ao outro que está ao lado. Quer lugar melhor para pedir informação do que em um bar, num posto de combustíveis? Os frentistas, ao te verem chegando, logo acenam indicando a bomba livre para abastecimento. Muitas vezes passei por isso. “Não, obrigado, só quero uma informação!”. Claro que não me esqueci dos motoristas de táxi e dos motoboys, que também não nos deixam na mão. Coisas de cidade grande.
Nas cidades do interior todas as pessoas se conhecem, porém os nomes das ruas...
Se você perguntar onde fica uma rua, dizendo o nome dela, ninguém sabe. Agora, se você souber que a rua procurada é a mesma em que mora o Zé, ta resolvido! O Zé, qualquer um sabe onde mora.
De volta à capital, nos postos, deveriam colocar faixas como aquelas que dizem: “Abasteça acima de 20 litros e ganhe uma ducha”. Seriam assim: “Informações só pra quem abastecer”. Venderiam muito mais...
Ainda bem que existem os santos frentistas, os salvadores motoristas de táxi, os chatos motoboys...
Ah, me lembrei de uma piada:
Um menino havia se perdido (como eu) e ao ligar para casa, a cobrar (como eu), ouviu do pai (como eu): “Meu filho, pergunte! Quem tem boca vai a Roma!”. O filho respondeu: “Mas pai, e você acha que eu estou ligando de onde????”.

O paulistanês nosso de cada dia 1

“Olha o foto que me tiraram, Wania” disse-me o "scavurzka", atirando à mesa, em minha direção, um pacotinho de 3x4. Minha reação, tipicamente paulistana: “Me tiraram, belo?” Em seguida entrei aqui pra registrar minha autocrítica. Que pedante que eu sou!!! Reverberei debochadamente como se eu mesma não cometesse meus deslizes paulistanescos.

Tudo bem que nossa maneira de falar é uma referência nacional. Mal comparando, a pronúncia do português paulistano é o que os norte-americanos chamam inglês standard, aquele que todo mundo que estudou um pouquinho entende. Basta assistir ao Jornal Nacional, da Rede Globo, para reconhecer o empenho de Fátima e William para camuflar seus esses e erres, típicos de quem vive no Rio de Janeiro. E admitir que eles emitem as palavras exatamente como qualquer paulistano minimamente cuidadoso com a língua.

Hoje, no trabalho, um colega chamou atenção para a proliferação do meu “meu”. De acordo com a observação dele, em cinco minutos, pronunciei uns vinte “meu”. Confesso que passei a policiar minha dialética. Mas... até que ponto?

Um legítimo paulistano não vai pronunciar nem a letra O nem a letra E ao final das palavras. Aqui, é TOMATI (mais precisamente TOMATchI). Mas até aí, convenhamos, só paranaense pronuncia corretamente o nome da fruta. No caso do O final, quase sempre emite-se o som de um U: agostU, setembrU. Porém (sempre há um), observe-se o nome da Cidade Maravilhosa:
Rio de Janeiro.
Em São Paulo, a gente fala RiU de JaneirO (Meno male que fluminense, aquele que é carioca mermo, que refere-se à própria cidade pronunciando um hiato que simplesmente não existe: Ri-U, cáspita!!)
Temos também nossos dialetos, repleto de italianismos (vide parágrafo anterior). Isso ainda é muito comum por aqui, a despeito dos “véio”, dos “mãnu”, dos “bró” que chegaram sem data pra voltar ao meio do inferno de onde vieram.

Abomino xenofobia, isso tem de ficar muito claro. O que me irrita profundamente é a não valorização de nossas palavras, simples assim. Meu cuidado com isso é tamanho que cheguei a pensar em pedir pra alguém gravar meu colóquio, quando eu estivesse desavisada, para tentar identificar o tal “einto” de que (como todo paulistano) sou acusada. Dizem que falamos “momEInto”, “estacionamEInto” e "EIntEIndEIndo". Puro exagero, mas, para encurtar história, faço de conta que acredito...

São Paulo também é arte!


Sempre fui encantada por artes, fico ainda mais paralisada quando vejo os artistas trabalhando. Imprimir na tela a mistura de cores e formas que só eles têm a paciência, a sutileza e a sensibilidade de enxergar.
Falo isso por experiência própria, adoro pintar, mas eta coisa difícil de fazer. Dá trabalho, suja e principalmente, achar a cor perfeita, mais brilhante ou mais escura, é frustrante.
Nesta semana, tive a sorte de encontrar dois artistas pela rua. Na segunda de manhã, no passeio pelo Ibirapuera, vi um cavalete segurando uma tela ainda seca. Do lado, um tipinho com um bigodão engraçado, ele ficava enrolando as pontas com as mãos, e assim estava ele, escolhendo a cena que iria pintar.
Na quinta à noite, encontrei o segundo, um moleque de chapéu parado em cima da ponte da USP. Um caderno grande apoiado no corrimão e um simples lápis na mão, vi que os olhos dele não saiam do papel. A cena é linda, a marginal tietê iluminada, refletindo as luzes da cidade, os carros passando. Ele escolheu muito bem.
Na sexta, fui de novo ao Ibirapuera, e não é que achei o dono do bigode na mesma sombrinha e a tela mais colorida? O ypê amarelo e as pessoas andando já tinham vida na tela, o estilo não me agradou, mas ai é pessoal.
Eu elejo a avenida Paulista como o ponto mais belo para uma pintura em tela. Há uns 2 anos, vi um pintor na calçaldinha que separa a avenida, para quem não conhece, a largura não passa de um metro. Lá estava ele, em um banquinho pequeno, um cavalete apertado e a paleta na mão. Não pude ver o que ele estava pintando, mas fiquei com inveja da coragem dele.
A cidade é assim, cheia de tesouros em cima de caveletes alheios.
Viva São Paulo!

Mim gosta ganhá dinheiro...

Em nossa bela Sampa, como afirmam várias pesquisas recentes, emprego não falta!
Por isso, Wania, eu disse que existe muito emprego, o que não tem é gente qualificada.
(Esta é a outra história)
Exemplo disso é uma reportagem que foi ao ar no Bom dia São Paulo, nessa semana, dizendo ter muitas ofertas de emprego em Sertãozinho, interior do Estado, nas várias empresas de lá. A dificuldade é encontrar profissionais qualificados para ocupar essa vagas.
Até oferecem cursos para ensinar as pessoas e poderem contrata-las. Mesmo assim, não conseguem número suficiente.
Se esforçar para aprender ninguém quer.
A maioria dos que não conseguem emprego reclama desesperadamente, pede ajuda pela rua, nos sinais de trânsito, até explorando crianças.
Uma ex-vizinha, senhorinha de uns 80 e poucos anos, me pediu : "Você consegue um emprego pro meu filho, lá na tv?". Eu, educadamente, mesmo sabendo da impossibilidade, perguntei o que ele sabia fazer, fingindo não saber. A resposta: " Ah, ele sabe bater à máquina, organizar arquivos de escritório, coisas assim. Agora ele trabalha numa banca de jornais, mas só pra ajudar um amigo. Quase nem ganha nada."
Isso foi em 2003!!!
É deste tipo de profissionais, que pararam no tempo, que eu falo.
Domingo passado, voltando da Tratoria do Piero (Ôba ganhei um almoço), um homem aparentemente BEM sadio colocava nos vidros dos carros, bilhetes pedindo ajuda. Estavam em meu carro, eu, meu sogro, um sarrista de primeira, ainda bem, minha cunhada, meu filho e minha mulher, que por ser minha mulher, diz adorar minhas piadinhas.
Li o bilhete em voz alta, pois todos queriam saber do que se tratava.
Dizia: "Me ajude, sou soro-positivo"
Na hora, me veio uma tiradinha, até cruel, mas..
" Você é soro-positivo e eu saldo-negativo..." (Claro, ele não ouviu, pois o vidro estava fechado.)
Todos riram. Juro, saiu de repente, sem querer...
Mas, tenho quase certeza de que aquele pedido não passava de uma sem-vergonhisse.
Deve ser do tipo de gente que acha assim é mais fácil, pedindo.
Alguém conhece a história do médico oftalmologista, Dr. Moura Brasil? Eu não conhecia, nem sei se é verídica, mas interessante.
Diz que ele viu um senhor, sentado na calçada, pedindo ajuda (dinheiro), pois não enxergava e, portanto, não podia trabalhar.
Diante disso, o médico lhe ofereceu uma consulta, ali, na rua mesmo, e recomendou ao pobre deficiente visual que fosse ao seu consultório, pois o caso era simples e ele rapidamente voltaria a enxergar e trabalhar, e, que, ainda, não lhe cobraria nada por isso. Pura caridade.
Meses depois de ter curado o "paciente", o dr. voltou a encontra-lo pedindo dinheiro na rua, novamente, alegando cegueira.
O dr. Brasil, preocupado, perguntou se ele tinha deixado de enxergar e, por isso, não havia conseguido emprego.
Não, ele respondeu, é que assim é mais fácil...
Infelizmente, basta olhar para o lado para encontrar pessoas com esses "problemas" pelas ruas da cidade.
Voltando à tal reportagem, o prefeito de Sertãozinho espalhou outdoors e faixas pelas ruas, com os seguintes dizeres:
" Não dê esmolas!"
Concordo!
Me lembrou o ditado chinês: "Não dê o peixe, ensine a pescar!"
O problema é esse: pescar dá um trabaaaalhoooo....

Nem tudo está perdido




...dia desses, conversando com alguém que não sei quem era, lembrei de algo que nunca mais vi em São Paulo: aquela fumacinha que saía da boca nos dias de frio. Fiz o teste ali mesmo, no corredor, a caminho do estacionamento. Fazia uns 14, 15 graus naquela noite, enchi o bocão de ar e mandei uma bela baforada rumo ao léu – e nada da fumacinha.
Em fração de segundos, elaborei as mais óbvias suposições para justificar o sumiço do fenômeno. Provavelmente, tem a ver com a poluição; ou seria a unidade relativa do ar que mudou? Naturalmente, não tenho cabedal para discorrer nessa seara e minhas elucubrações terminaram, estas sim, como fumaça.
E abriram espaço para a nostalgia. Me vi com sete anos, com um maço de chocolates. Isso mesmo: um maço. A Pan fabricava chocolates em formato de cigarros e, assim, as crianças viajavam no mundo de glamour imaginário em que viviam os adultos fumantes. As mulheres, sempre de vestidos longos, saltos altíssimos, maquiagem impecável e um cigarro à mão – mais para fazer pose que para tragar. Os homens, se não eram destemidos caubóis cavalgando pelos desertos norte-americanos em seus alazões, certamente estariam de smoking (o nome do traje não poderia ser mais propício), ao lado de uma deusa qualquer. As propagandas vendiam essa imagem, de conquistadores, de heróis – todos fumantes.
Eu e meus pares mirins adorávamos aquilo, na verdade mais que o chocolate em si. Pôr a cigarrilha de cacau entre o indicador e o dedo médio, levar o doce à boca e soprar a fumacinha. E a natureza contribuía com generosidade, era denso o efeito daquele vapor. Como era bom ser grande nos dias de frio!
Parei de escrever um pouquinho para me perguntar quando foi a última vez em que vi um chocolatezinho daqueles, em forma de cigarro. Aliás, ainda existe a Pan? Honestamente, não faço a menor idéia. Na prática, tudo isso foi de embrulho, e não só a fumacinha do frio.
Os fumantes não têm mais lugar, que dirá glamour! As propagandas são n vezes mais criativas, porém o encanto foi tragado. Ou vai me dizer que daqui a 30 anos alguém que hoje tem sete vai lembrar de algum ‘reclame’ de televisão? Tomara que eu esteja enganada, mas tenho a impressão que as crianças não curtem juntas, hoje, as pequenas audácias que as de gerações anteriores arriscavam. Quantas perdas, que futuro...
Do nada, o episódio da ausência da fumacinha veio à mente, ontem à noite, diante da pizzaria. Esperávamos o manobrista chegar com o carro. Os termômetros marcavam 14 graus em São Paulo. Esquina da Haddock Lobo com a Alameda Tietê. Fechei os olhos, voltei a cabeça para o alto, enchi o pulmão, soltei a baforada e disparei as retinas: nada. Mas bastou desfocar o olhar daquele primeiro plano, ainda com a cabeça erguida, e lá estavam elas, no contra-luz da lâmpada: milhões e milhões de pequenas gotículas de água, dançando de lado a lado, ao gosto do vento. Além de um inevitável espirro, a danada produziu em mim um sorriso palerma e a descoberta: a garoa não acabou...

A nossa praia!

Adoro andar no parque do Ibirapuera, eta lugarzinho gostoso. Durante a semana, é perfeito, pouca gente e muito espaço. Dá para curtir um pouco de árvore e som de passarinho, uma das áreas verdes de São Paulo. Não vou dizer que é melhor que andar na praia, sentir o restinho de água no tornozelo, isso não. Mas para nós paulistanos, vale a pena.
Tem vento, tem sombra, sem pedintes. Me divirto vendo os cachorros dos outros, já que ainda não posso ter o meu. Em alguns parques, os cachorros só podem andar nas coleiras, mas no Ibirapuera, os mais "sociáveis" estão sempre soltos enquanto os "pit-bulls" da vida, esses sim, são obrigados a andar de coleira e focinheiras. Nada mais justo, imagine se aqueles "tourinhos" resolverem dar uma cheiradinha no poodle de alguma madame.
Outro dia, vi uma cena perfeita no lago, dois cisnes passeando juntinhos em forma de coração, parei e fiquei curtindo, talvez uma cena que só vou ver uma vez na vida. Sempre pensei que fosse exagero dos biólogos, ficar andando de testa grudada e não é nenhum concurso de segurar a bolinha na testa. Eu vi, é verdade!
Conheço alguns parques da cidade, o Villa Lobos é pratico, mas tem mais concreto que mato. É perfeito para andar de patins.
O parque da Independência é o mais bonito, na frente do Museu do Ipiranga, os jardins são inspirados nos do palácio de Versailles, vale o passeio e a história. O parque da Juventude, onde ficava o carandiru tem mais quadras que lugares para passear, me incomoda pois não tem paisagens.
O parque do Ibirapuera é especial para os fanáticos em aviões também. Passeando por lá dá para ver a curva que eles precisam fazer assim que saem do aeroporto de Congonhas. Outro dia, vi uma tiazinha comentando com o marido: "olha lá, é o mesmo avião que tá dando voltas, deve estar com problemas." Tive que olhar para cima, e tava lá o avião ainda decolando e já fazendo a curva... ai ai ai é obvio meu caro Watson.


O ibira sim, é a verdadeira praia dos paulistanos. Eu adoro!

Roubaram meu assalto!

...perigoso, isso aqui. A gente começa, meio que por força de um compromisso, e corre o incomensurável risco de tomar gosto pela coisa. Eu me conheço, sei que não passarei por aqui com essa freqüência inicial daqui a dois, três meses. Mas o que ocorre agora é que venho dar uma fuçadinha, de meia em meia hora, pra acompanhar o movimento do bagulho.
Tava no carro, hoje cedo, pensando em como diversificar. E veja qual não é minha constatação: estou falando mais uma vez de uma historieta que começou dentro do carro.
Penso que não vai ser fácil escapar dele, digo, do carro. Numa aritmética meio elementar, constato facilmente que passo um oitavo de meu dia enfurnada nele. E olha que a coisa mudou bem de uns anos pra cá. Em meu endereço anterior, eram cinco, seis horas por dia para ir e voltar do trabalho...
As janelas de meu carro têm um filmezinho que escurece o interior, sinto-me menos exposta. Mas bom mesmo era nos tempos da bleiser (escrevo assim por pura babaquice nacionalista). Nela sim, eu me sentia inatingível! A sensação era a de estar uns cinco metros acima do nível do asfalto, poucos eram os que chegavam perto - acho que minha bleiser tinha cara de mau.
O que eu quero dizer é que a bordo dela nunca tive o medo que tenho hoje, ainda que meus vidros atuais sejam fumezinhos.
Nunca fui assaltada. Houve um episódio tão insólito nesse sentido que não tive como me considerar a vítima. Aconteceu numa curva que fica ao final da Avenida dos Bandeirantes, que dá acesso à Marginal Pinheiros. Quem conhece São Paulo sabe bem como é o local a que me refiro. A gente fica ao lado de uns viadutos, uns pilares de concreto à esquerda do fluxo de onde, vez por outra, saem uns pedestres suspeitos. Obviamente, o termo fluxo é aqui totalmente inadequado. O trânsito não flui ali, nunca! Ou seja: os motoristas ficam à mercê dos tais 'pedestres' sem ter pra onde escapar.
Naquele dia, estava eu trocando da CBN pra Eldorado - ou vice-versa - quando olhei pra janela ao meu lado e nela vi debruçado um moço japonês. O japa balbuciava algumas palavras que pra mim soavam ininteligíveis e eu fiquei lá, olhando pra cara dele. O pobrezinho percebeu que eu não tava entendendo nada (só ouvi algo parecido com a palavra 'carteira', mas não foi o bastante para alterar minha expressão facial). Ele insistiu pela terceira vez em seu incompreensível discursinho que, suponho, tenha sido o anúncio de um assalto, e eu lá, a boca entreaberta. Resumindo: o nipogatuno desistiu de mim. E saiu correndo por entre os carros. Sabe-se lá o que passou pela cabeça dele. Na minha, nada pareceu mais patético que um larápio japonês que fugiu de mim e não levou absolutamente nada - a não ser, meu primeiro assalto...

Dada a largada

...e não é que me pegaram? Fugi tanto quanto pude desse tipo de coisa, diário, blog, orkutio etc. Mas o que seria de mim não fosse o maledeto mundo virtual? (Detesto essa expressão, não tem nada de virtual aqui!) Tô mal-humorada hoje, não escolhi um bom dia pra me apresentar. Ou vai ver que escolhi; assim mostro de cara um traço tipicamente paulistano: a ciclotimicidade - desconfio que acabei de inventar essa palavra... Quero dizer, somos assim: um dia estamos de bem com a vida, noutro pensamos em suicídio. É resultado da carga de informação que nos envolve, a cada esquina. Literalmente.
Ontem, no vermelho do semáforo, fui abordada por um homem, trinta e poucos anos, em sua cadeira de rodas. Trazia no colo uma cestinha com bons sete tipos de balas pra vender.
É uma sensação estranha quando esse momento ocorre. O amarelo acende, não vai adiantar acelerar, e você já vislumbra o pedinte ali no meio-fio, a postos pra colar na tua janela e te aporrinhar com seu indefectível olhar triste - e não há escapatória. É o efeito-zagallo: você vai ter de me engolir!
Já li no jornal, coisa de uns dois anos atrás, que um motorista foi assaltado por um cadeirante... em que mundo vivemos!! Mesmo assim, a eles não fecho o vidro. Ao contrário: dou aquele olhar sem jeito e tento me livrar do embaraço. Isso na maioria das vezes. Mas, como sou ciclotímica, ontem resolvi prestar atenção no sujeito. "E aí, linda, que tal adoçar a vida um pouquinho? Sorria, a vida é bela!" Frase feita, sem problemas. Sei disso, sempre soube: para o pedinte serei sempre linda. Quer saber? Fez bem ouvir aquilo... eu no meu carro, toda enfadada com meus problemazinhos sem sal, filosofando no farol e acatando ordens (de sorrir) de um completo estranho!! Mais que isso: por um momento, tive vontade de estacionar, sentar naquele meio-fio e passar o resto do dia assistindo ao trabalho do meu amigo. Será mesmo que todas são lindas? Será que ele preserva o discurso desde quando pega no batente até o final da jornada? Onde ele faz xixi? Como reagem os abordados, sorriem como eu? Destratam, compram, agridem, acariciam?
Sei lá!! E nunca vou saber. Nunca vou sentar no meio-fio nem sequer papear com o pedinte. Imagina eu, depois, chegando no meu local de trabalho com a bunda suja por ter-me entregue a devaneios sócio-antropológicos!
Mas o que era mesmo que eu tava falando? Deixa pra lá: pintou a luz verde...

UM PRENSADO, POR FAVOR

Meu filho, de 2 anos, aprendeu a falar a seguinte frase: “Socorro, ajuda-me, estou preso. Tira-me daqui!!!” , quando quer sair do berço.
Assim mesmo!
Ultimamente tenho pensado muito em ir embora, sair daqui, e fico pensando em gritar essa frase...
Trabalhando no Pan, no Rio de Janeiro, reencontrei um colega da TV Sergipe, o grande Rivando. Ele me garantiu que eu me mudaria para Aracajú assim que conhecesse a cidade, as praias de lá.
Confesso que cheguei a pensar muito no assunto.
A Marcelinha me alertou: “Quero ver o que você vai fazer quando der vontade, no meio da madrugada, de comer um hot - dog prensado, como os da Vila Madalena”.
Um carioca, que ouvia a conversa, afirmou: vá morar no Rio! Lá tem as duas coisas, praia e hot dog.
Quer saber? É ruim, hein, sair daqui.
Esta cidade louca, agitada, poluída, alagada, parada, vazia, cheia, apagada, de qualquer forma, é a melhor do mundo, em minha opinião.
Tem emprego pra todo mundo (Só não tem muita gente qualificada, mas isso é outra história.).
Aqui se encontra o que quiser, na hora que quiser.
E as padocas? Ah, essas padarias...
Botecos. Já parou pra pensar em quantos e tão bons botecos existem na cidade? E os restaurantes, shoppings, cinemas, teatros... E a vida noturna? Incomparável!
25 de março! Você já foi lá? Quem não foi, precisa ir. Bom Retiro? Na adolescência eu chamava o bairro de BR city.
A Rua Santa Efigênia, dos eletrônicos, a Florêncio de Abreu, das ferramentas. Galeria Pagé, Stand Center. Em que outro lugar tem tudo isso?
Qual paulistano não gosta de um pastel de feira? A japonesada sabe fazer...
Que me perdoem os cariocas que dizem que paulista mora mal.
Passei 22 dias no Rio, durante o Pan; 30 dias na última Copa do Mundo e mais 30 nas últimas olimpíadas.
Não dá! Pra mim, no Rio, só “mora bem” quem mora perto da praia (Será?).
O Rio tem suas belezas, mas...
Quase morri de saudade de Sampa.
Péra lá...Gosto do Rio, sim, pra passear, e prometo:
Vou conhecer Aracajú e passar pelo menos uma semana por lá.
Rivando: Me aguarde!

Por enquanto:

"VIVA SÃO PAULO”